A Assembleia da República é o órgão legislativo do Estado Português. É o segundo órgão soberano de uma República Constitucional. É um parlamento unicameral, composto por 230 deputados, eleitos pelos círculos de vários membros para mandatos de quatro anos. A Assembléia da República se reúne diariamente no Palácio de São Bento, na freguesia da Estrela (Lapa), em Lisboa. Nos fundos do edifício fica a Residência Oficial do Primeiro Ministro.
Responsabilidades
A Assembleia da República tem competência legislativa e política geral. A Constituição estabelece que certas questões constituem uma reserva absoluta de competência legislativa, ou seja, a Assembléia não pode, nelas, autorizar o governo a legislar. Estes incluem, por exemplo, a aprovação de emendas à Constituição, os estatutos políticos e administrativos das regiões autónomas (Açores e Madeira), as leis das grandes opções dos planos e do Orçamento do Estado, os tratados portugueses de participação em organizações internacionais, o regime de eleição dos titulares de órgãos soberanos (Presidente da República e Assembleia da República), bem como dos membros das Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e dos titulares de órgãos do governo local e do referendo. Em outros assuntos de sua competência exclusiva, a Assembléia pode conceder ao Governo autorização para legislar – isso é chamado de reserva relativa – que inclui as bases do sistema de seguridade social e do serviço nacional de saúde, a criação de impostos e o sistema tributário., a organização e jurisdição dos tribunais, entre outros.
Os poderes de inspeção da Assembléia em relação às ações do Governo e aos atos da administração podem ser exercidos através de vários instrumentos:
aprovação de moções de confiança ou censura;
requisitos para avaliação de legislação produzida pelo governo que a Assembléia possa alterar ou revogar;
perguntas quinzenais ao primeiro ministro;
inquéritos ao governo sobre questões de política geral ou setorial;
submissão de solicitações (perguntas escritas) sobre quaisquer atos do governo ou administração;
constituição de comissões parlamentares de inquérito que gozem dos poderes de investigação das autoridades judiciais.
Mesa da Assembleia da República
É composto pelo presidente, quatro vice-presidentes, quatro secretários e quatro vice-secretários eleitos para o mandato da legislatura. Todos os membros do Bureau são eleitos por maioria absoluta de deputados em exercício.
Nas reuniões plenárias, a Repartição é composta pelo Presidente e pelos Secretários. Na ausência do presidente, as reuniões são presididas por um dos outros vice-presidentes. Os secretários podem ser substituídos por vice-secretários. Cabe à Repartição, em geral, auxiliar o Presidente no exercício de suas funções.
Presidente da Assembléia da República
O Presidente da Assembléia da República é eleito, para o mandato do Legislativo, por maioria absoluta dos votos dos Deputados em exercício.
O Presidente representa a Assembléia, dirige e coordena seu trabalho e exerce autoridade sobre todos os funcionários e agentes e sobre as forças de segurança colocadas a serviço da Assembléia. A lista de competências prevista no Regulamento Interno inclui a presidência das Reuniões Plenárias, a Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares, a Comissão Permanente, bem como a admissão de iniciativas legislativas e a assinatura e envio dos Decretos da AR à Assembléia Geral. Presidente da República para promulgação. Em geral, é responsável por garantir o cumprimento do Regulamento e das deliberações da Assembléia. Ele é eleito para o mandato do Legislativo. Ele substitui o Presidente da República em suas ausências ou impedimentos temporários ou, no caso de uma vaga no cargo, até que o novo Presidente eleito tome posse. Durante o período de substituição provisória, seu mandato é suspenso automaticamente.
Regulamento Interno da Assembléia da República
O Regulamento da Assembléia da República é o documento que estabelece o regulamento da Assembléia da República, aprovado por resolução, onde todas as regras relativas à sua organização, operação e formas de processo são fornecidas para o exercício. dos poderes previstos na Constituição. A Repartição é responsável por interpretar as regras e integrar lacunas.
Reuniões plenárias
Eles são sempre públicos. Os deputados ocorrem na sala na forma acordada entre o Presidente da Assembléia da República e os representantes dos partidos no início da legislatura.
São convocadas pelo Presidente da Assembléia da República com pelo menos 24 horas de antecedência, a menos que agendadas na reunião anterior.
Em princípio, cada dia corresponde a uma reunião plenária e, excepcionalmente, pode haver mais de uma por dia. Geralmente, três reuniões plenárias são realizadas por semana.
Existem assentos reservados para membros do governo.
Eles não podem ser interrompidos, exceto por uma pausa, para restaurar a ordem na sala, por falta de quorum, por uma pequena pausa a pedido de grupos parlamentares ou para garantir o bom andamento do trabalho.
Palácio de São Bento
O Palácio de São Bento é um neoclássico em estilo palácio localizado em Lisboa, sendo a sede do Parlamento de Portugal desde 1834. Foi construído no final do século XVI (1598) como um mosteiro beneditino (Mosteiro da Saúde de São Bento) para traços de Baltazar Álvares, de caráter maneirista e barroco. O Arquivo Nacional da Torre do Tombo foi instalado lá. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, tornou-se propriedade do Estado. No século XVII, foram construídas as criptas dos marquês de Castelo Rodrigo.
Após o estabelecimento do regime liberal em 1834, após a Guerra Civil Portuguesa, tornou-se sede das Cortes Gerais da Nação, ficando conhecido como Palácio das Cortes. Após as mudanças no nome oficial do Parlamento, o Palácio também recebeu vários nomes oficiais: Palácio das Cortes (1834-1911), Palácio do Congresso (1911-1933) e Palácio da Assembleia Nacional (1933-1974). Em meados do século XX, passou a ser utilizada a designação de Palácio de S. Bento, em memória do antigo convento. Essa denominação permaneceu após 1976, quando se tornou a sede da Assembléia da República.
Ao longo dos séculos XIX e XX, o Palácio passou por uma série de importantes obras de remodelação, tanto interiores como exteriores, o que a tornou quase completamente distinta do antigo mosteiro, do qual a remodelação de Ventura Terra e em 1936 a escadaria monumental, acrescentada por António Lino e completado por Cristino da Silva. O palácio possui um corpo central com arcadas no nível do solo e sobre essas galerias colunadas, encimadas por um frontão triangular decorado com estuques. O interior é igualmente grandioso, cheio de asas, a Sala de Sessões da Câmara dos Deputados, a Sala dos Passos Perdidos, o Salão Nobre, entre outras, além de obras de arte de diferentes períodos da história de Portugal. O Palácio também inclui um Museu Histórico, que foi classificado como Monumento Nacional em 2002.
Em 1999, foi inaugurado o novo edifício, que apoia a Assembléia da República. Localizado na praça de S. Bento, o novo prédio, um projeto de 1996 do arquiteto Fernando Távora, embora conectado ao palácio por acesso direto ao interior, foi propositadamente construído para constituir uma estrutura autônoma, a fim de não comprometer ou descaracterizar o edifício. layout do palácio.
Arquivo
O Palácio possui um importante arquivo histórico, fotográfico e audiovisual:
O Arquivo Histórico possui toda a documentação relacionada à atividade parlamentar de 1821 até o presente. O Arquivo Fotográfico aborda temas relacionados à atividade parlamentar, mas também imagens dos espaços do Palácio de São Bento ou a partir de 25 de abril. O Arquivo Audiovisual contém registros de áudio e audiovisual de sessões plenárias, reuniões de comitês e alguns eventos.
Biblioteca
A Biblioteca Passos Manuel, como foi chamada em outubro de 2017, é uma biblioteca especializada, cujo principal objetivo é fornecer apoio bibliográfico ao trabalho do parlamento, por meio da aquisição, gestão e disseminação de informações científicas e técnicas nacionais e internacionais, bem como informações produzidas pela mídia.
A Biblioteca foi criada em 1836 com um fundo de 7300 volumes, tendo um século depois 23.000 volumes, compreendendo algumas coleções importantes de documentos parlamentares portugueses.
Os serviços da Biblioteca foram reestruturados a partir de 1974, a fim de cobrir todos os assuntos de interesse parlamentar (Direito, Política, Economia, Ciência e Tecnologia, Vida Social, Administração Pública, Estatística), apresentando as seguintes seções documentais:
Núcleo do Livro Antigo (1491-1800) – cerca de 5000 volumes. Esta coleção é composta por importantes espécimes tipográficos, provenientes da antiga Biblioteca das Cortes, de um conjunto de 1581 títulos, dos quais se destaca a existência de dois incunábulos.
Monografias – A coleção de monografias consiste em aproximadamente 50.000 volumes e é organizada em ordem cronológica por data de publicação.
Publicações periódicas – A Biblioteca possui 3300 títulos de revistas, com um tamanho superior a 100.000 volumes.
Legislação nacional e coleções de leis – A Biblioteca possui toda a legislação nacional das Portarias Manuelinas (século XVI) e das Afonsinas (século 15) até os dias atuais, constituindo um fundo com cerca de 3000 volumes encadernados.
Diários da Assembléia da República e outras publicações oficiais – Esta coleção é composta pelo Diário da Assembléia Constituinte e todas as séries do Diário da Assembléia da República desde 1975 e todas as publicações editadas pela Assembléia da República.
Revistas Oficiais das Comunidades Europeias – Esta coleção contém todas as Revistas Oficiais das Comunidades Europeias desde 1985.
Museu da Assembléia
Devido à sua longa história, que inclui diferentes momentos religiosos e políticos, este Monumento Nacional inclui uma coleção muito diversificada, composta por patrimônio fixo e móvel e histórico documental, composto por cerca de 1275 peças, divididas essencialmente pelas categorias Arqueologia, Arte, Ciência e Técnica e Etnologia que atestam o uso sagrado e secular, sendo este último o maior.
Além do núcleo monástico e do antigo histórico das Câmaras dos Deputados, Pares do Reino e Senadores, o patrimônio inclui obras adquiridas no âmbito de iniciativas sucessivas de requalificação e dignificação de espaços, peças encomendadas para homenagear figuras parlamentares, como além de ofertas institucionais aos presidentes e secretários-gerais da Assembléia, ofertas pessoais de artistas à instituição e doações de bens pertencentes a ex-membros do Parlamento.
Livraria Parlamentar
A Livraria Parlamentar visa facilitar um melhor conhecimento sobre a Assembléia da República e o trabalho realizado por este órgão soberano.
O catálogo das edições do Parlamento permite identificar as publicações disponíveis desde 1977 por áreas temáticas.
Palacete de São Bento (Residência Oficial do Primeiro Ministro)
Nos fundos do edifício principal, nos terrenos do antigo mosteiro, existe uma mansão construída em 1877 por Joaquim Machado Cayres para sua residência em um local de cerca de 2 hectares que faz parte do Convento de S. Bento desde 1598. Este palácio é atualmente a residência oficial do Primeiro Ministro de Portugal.
Em 1937, o palácio foi desapropriado pelo Estado para a Residência Oficial do Presidente do Conselho. Após a conclusão das obras, António Salazar ocupou a casa em maio de 1938, mas a inauguração oficial ocorreu em abril de 1939. Durante as obras, foi feita uma escada para uma conexão mais fácil entre o palácio e a Assembléia. Com Marcello Caetano assumindo o governo, o palácio passou por uma grande reforma e transformação. Pouco mais do que as fachadas foram mantidas. Essas obras também incluíram a construção de um novo piso no lugar do antigo sótão. Depois de 25 de abril de 1974, a casa e o jardim sofreram algumas modificações, mas foi depois de 1986 com novas reformas que a mansão e o jardim ganharam maior operabilidade e uma imagem mais moderna e adequada aos novos tempos. A garagem existente até então desapareceu, dando lugar a um prédio para receber visitantes do palácio. O antigo pavimento asfáltico foi substituído pelo pavimento português.
Parlamento Cultural
A política cultural da Assembléia da República se expandiu amplamente com a organização regular de exposições temáticas, concertos musicais, espetáculos teatrais, apresentações de livros e outras cerimônias.
As visitas guiadas ao Palácio de São Bento, bem como os dias comemorativos em que o Parlamento abre as portas para visitas gratuitas e atividades recreativas e culturais, dão ainda conhecimento do patrimônio, atividade e história parlamentar.
A Assembléia da República possui atividade editorial própria, na qual se destaca a Coleção do Parlamento, com o objetivo de disseminar a pesquisa sobre a história parlamentar e um conjunto de publicações voltadas ao público jovem. Além das publicações, a Livraria Parliamentary vende peças e materiais de papelaria evocativos do Palácio de São Bento e da história parlamentar, participando também de feiras de livros.
O Parlamento organiza ciclos comemorativos para marcar marcos históricos na história constitucional portuguesa, como o Centenário da República, o 40º aniversário de 25 de abril e a Constituição ou o 150º aniversário da abolição da pena de morte em Portugal.
Atualmente, destacam-se as comemorações do bicentenário do constitucionalismo português, que se originam na Revolução Liberal de 1820 e na Constituição de 1822.
As comemorações dos 200 anos do constitucionalismo português, sob o lema “Comemore a liberdade, 200 anos do constitucionalismo”, são presididas por Guilherme d’Oliveira Martins e incluem, entre outras iniciativas:
Exposição “Morte à morte! 150 anos da abolição da pena de morte / 1867-2017”, com curadoria do historiador Luís Farinha, no átrio do Palácio de São Bento, de julho de 2017 a janeiro de 2018. Entre 7 de abril e 24 de junho , 2018, esteve em exposição no Centro Português de Fotografia, no Porto.
Assinando a aprovação da carta de 1 de julho de 1867 (reforma penal das prisões e abolição da pena de morte por crimes comuns e obras públicas), a exposição destaca o espírito pioneiro de Portugal na abolição da pena de morte e apresenta, por meio de textos, imagens e documentos, antecedentes legais e políticos, práticas anteriores de execução, repercussões nacionais e internacionais da aprovação da carta, substitutos da pena de morte (pena perpétua de célula e exílio para as colônias), tentativas substituição da pena de morte, fazendo referência à situação atual no mundo. Inclui um núcleo multimídia com um filme de enquadramento e uma projeção evocativa de debates parlamentares sobre o tema.
Atribuição do nome de Passos Manuel à Biblioteca da Assembléia da República (outubro de 2017).
Exposição “Um olhar sobre as Ordenações”, com curadoria do historiador João José Alves Dias, em exposição na Biblioteca Passos Manuel, de 16 de novembro de 2017.
A exposição é dedicada às diferentes impressões das Ordenanças – sejam do Reino, da Fazenda ou de seus repertórios – que estão no acervo da Biblioteca, impressas antes de 1836.
“Requiem de João Domingos Bomtempo, op. 23, Para a memória de Camões”, pela Orquestra Flores de Mvsica e pelo Coro Autêntico da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, na sala do Senado do Palácio de São Bento, em 29 de novembro de 2017.
Apresentação da edição comemorativa do 150º aniversário da abolição da pena de morte, na Biblioteca Passos Manuel, em 6 de dezembro de 2017.
A publicação, editada em parceria com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, inclui, além da reprodução do texto original da carta de 1º de julho de 1867 (reforma penal das prisões e abolição da pena de morte por crimes comuns e crimes trabalhistas) públicos), depositados neste Arquivo, textos de pesquisadores das áreas de Direito e História e responsáveis pela Anistia Internacional. O trabalho inclui uma nota de abertura do Presidente da Assembleia da República e textos sugestivos do Ministro da Justiça, do Ministro da Cultura, do Presidente da Câmara de Lisboa e do Coordenador das Comemorações do Bicentenário do Constitucionalismo Português.
Cerimônia de entrega do Prêmio Direitos Humanos 2017, no Centro de Recepção do Cidadão, em 13 de dezembro de 2017.
A Assembléia da República marcou o Dia Nacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro) com a cerimônia do Prêmio dos Direitos Humanos e a palestra “150 anos da abolição da pena de morte em Portugal”, proferida por Guilherme d’Oliveira Martins.
O prémio Direitos Humanos de 2017 foi atribuído à Cruz Vermelha Portuguesa, pelo seu trabalho com as populações afetadas por incêndios florestais ocorridos no território nacional este ano, seja através do reforço de meios de emergência, na participação em equipes de resgate e transporte, de apoio psicológico, logística e sobrevivência para populações deslocadas ou deslocadas, através do trabalho desenvolvido e a ser desenvolvido na recuperação e no retorno à normalidade dessas populações.
Apresentação da peça “Felizmente, há luar!”, Do grupo de teatro A Barraca, na Sala do Senado, em 13 de dezembro de 2017, às 18h. A peça, de Luís de Sttau Monteiro, se passa contra a revolta liberal de 1817, reprimida pelo poder absolutista do regime inglês de Beresford e Miguel Forjaz, enquanto a corte e a família real estavam no exílio no Brasil. A ação se concentra na figura do general Gomes Freire de Andrade, que, acusado de participar da conspiração, seria enforcado em 18 de outubro de 1817.
Colóquio “O futuro da representação política | 200 anos do Sinédrio”, no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, em 22 de janeiro de 2018.
Teatro “O último dia de um condenado”, de Victor Hugo, encenado por Paulo Sousa Costa e apresentado por Virgílio Castelo, na sala do Senado, em 1º de fevereiro de 2018.
Exposição “O direito de si mesmo: 150 anos da abolição da escravidão no império português”, com curadoria de Miguel Bandeira Jerónimo e José Pedro Monteiro, em exposição no salão principal do Palácio de São Bento de 3 de julho a 30 de dezembro de 2019.
A exposição procura contribuir para uma reavaliação da abolição da escravidão em Portugal, usando o decreto de 25 de fevereiro de 1869 como pretexto, integrando-o à dinâmica histórica que a precedeu e sobreviveu. A abolição da escravidão não foi um evento, mas um processo agitado e ambivalente, em muitos níveis e de muitas maneiras, que este programa pretende analisar.