Pedro Alexandrino Borges

Pedro Alexandrino Fernandes dos Santos (São Paulo, 26 de novembro de 1856 – São Paulo, 19 de julho de 1942) foi pintor, designer, decorador e professor brasileiro. Ele teve uma participação importante no movimento naturalista brasileiro dentro das artes plásticas. Muito de seu trabalho é baseado em pinturas a óleo sobre tela de paisagens, ambientes internos e natureza morta. Desenvolveu seu trabalho no estado de São Paulo, principalmente na capital e na cidade de Campinas.

Biografia
Pedro Alexandrino Borges nasceu na cidade de São Paulo, na Rua Libero Badaró, na época rua São José. Ele é filho de Francisco Joaquim Borges Albuquerqui, descendente de garimpeiros, e de Rosa Francisca de Toledo, nascida na atual Freguesia do Ó. Ele foi batizado na Igreja da Sé em 6 de janeiro de 1857.

Pedro Alexandrino teve em sua relação familiar com o campo artístico. Seu pai era um jogador de instrumentos musicais em igrejas e festas e pintor de objetos usados ​​em celebrações regionais típicas. Seu avô seria Francisco Rabecão, que carregava no sobrenome o instrumento que tocava. Foi o avô responsável pela alfabetização.

Desde a infância e especialmente na adolescência, desenvolve o desejo de pintar. Em 1867, aos 11 anos, começou a trabalhar com o decorador francês Claude-Paul Barandier na decoração da Catedral Metropolitana de Campinas. Em São Paulo, no mesmo período, trabalhou em palácios, casas e outras igrejas. Em 1873, trabalha como pintor-decorador em igrejas e casas particulares com os construtores Simão da Costa e José Lucas Medeiros. Com o pintor Mato Grosso João Boaventura da Cruz (formado na Academia Imperial de Belas Artes) teve suas primeiras aulas como pintor em 1880. João Boaventura veio para São Paulo, acompanhado por um grupo de estudantes de Direito do Rio de Janeiro. Os dois trabalharam juntos na decoração da igreja de Pirapora. Ainda nesse período, Pedro Alexandrino começa a desenvolver suas primeiras obras individuais, em residências e mansões da capital e do interior de São Paulo. Mas em 1883, começou a estudar com Almeida Júnior, em seu ateliê, na Rua da Glória, no bairro da Liberdade, servindo de modelo para algumas obras. Ele também estudou com José Maria de Medeiros e Zeferino da Costa.

Educação
Sua formação acadêmica começa na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como bolsista, financiada pelo governo do estado de São Paulo. Foi incentivado pelo pintor e decorador espanhol Villaronga, que esteve em São Paulo durante esse período e financiou Pedro Alexandrino em tempos de dificuldades financeiras. Joaquim Egídio de Sousa Aranha, o marquês de Três Rios, poderia ter sido seu mentor, mas ele negou ter ajudado um patrício. Antes, o artista já havia decorado a casa do marquês (hoje sede da Escola Politécnica da USP). Entre 1890 e 1892, ele estava na Escola Nacional de Belas Artes, ainda na capital do Rio de Janeiro, mas não terminou seus estudos. Apesar de receber prêmios e ser reconhecido pelos trabalhos, Pedro Alexandrino está passando por dificuldades financeiras. Ele reside com sua esposa, Ana Justina Moreira, com quem se casou em 1884, em uma sala, usando uma esteira como cama. Durante dois anos (1895 e 1896), foi professor no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Em abril de 1888, sua esposa morre, vítima de tifo. Em 1894, recebe a medalha de ouro da Terceira Classe pelo trabalho Cozinha no Campo. No mesmo ano, inaugura o ateliê na Rua Lavapés, no bairro do Cambuí, em São Paulo.

Mais tarde, em 1897, viajou para a Europa, com sua nova esposa, Cândida Rosa Maria, e Almeida Júnior. Especialmente em Paris, ele tem contato com vários artistas, entre eles: René-Loui Chrétien, Antoine Vollon – outra inspiração para a predileção pelas pinturas da natureza morta – e Monroy. Frequenta a Academia Fernand Cormon, a Escola Comunitária de Quinelau e o estúdio Lauri. Na França, leva uma vida calma, sem grandes preocupações, mas com diversos passeios e visitas. Ele recebe convite para ir aos Estados Unidos do Barão de Rothschild. Ao mesmo tempo, um político brasileiro está interessado em colocar fotos de Alexandrino no palácio de Champs Elysées. Embora esteja condicionado a aceitar o convite do Barão, Alexandrino volta ao Brasil e, chegando aqui, é informado que as pinturas não poderiam ser expostas nas paredes de madeira do palácio. De volta ao Brasil, sem dinheiro para voltar a Paris, em 1905, realiza uma exposição individual no Liceu de Artes e Ofícios, com 110 pinturas, das quais 84 são naturezas-mortas, um gênero que o consagrou. Foi professor de alguns modernistas como Tarsila do Amaral (de 1917), Anita Malfatti (de 1919) e Aldo Bonadei (de 1925). Detentor de vários prêmios, expôs seu trabalho no Brasil e no exterior. Tendo sempre sonhado com um retorno, ele retornou a Paris em 1907, permanecendo em terras francesas até 1909. Nesta viagem, no entanto, não há informações.

Pouco depois, no início de 1907, Alexandrino realiza seu desejo e retorna a Paris. Se Pedro Alexandrino pudesse ter vivido em Paris para sempre. A cidade da luz era seu assunto favorito em todas as conversas e ele costumava chamá-lo de “cidade cultural”. Após outro retorno ao Brasil, morou no bairro da República, na Rua Sete de Abril, e depois na Rua Major Sertório, Vila Buarque, também na região central de São Paulo.

Pedro Alexandrino gostava de reunir amigos em seu ateliê às sextas-feiras para chá e bolo, servido por sua esposa, Dona Candinha. Eles conversaram sobre vários tópicos, mas nenhum comentário foi feito sobre outras pessoas. Alexandrino manteve seu sotaque de hicória mesmo quando usou vocabulário francês. Pedro Alexandrino teve como grande admirador o escritor Monteiro Lobato, que viu em suas obras uma maneira de fazer da arte uma prática diária de absorção. Lobato escreveu artigos recomendando visitas ao estúdio de Alexandrino. Apesar de ser convidado a frequentar espaços mais nobres, ao lado da grande sociedade, o artista costuma recusá-los e prefere manter seu estilo mais caseiro e pessoal.

Desenvolvimento de carreira
Durante e após a Primeira Guerra Mundial, o movimento nacionalista ganha força entre os estratos sociais. Pedro Alexandrino insere-se neste contexto e faz concursos para a permissividade do governo brasileiro na entrada da arte estrangeira não-ocidental no país. Tanto que critica e não se insere nos movimentos artísticos modernos. Também critica os desenvolvimentos tecnológicos e a mecanização da sociedade.

Na década de 1920, Pedro Alexandrino foi premiado com a Academia de Belas Artes de Gênova. A repercussão foi grande e houve movimento de moradores das Ruas de 13 de maio e da Abolição para que fossem chamados de Pedro Alexandrino. Além de Monteiro Lobato, Pedro Alexandrino teve muitos admiradores, entre eles: Paulo de Siqueira, Prestes Maia, Júlio Mesquita Filho, Amadeu Amaral, Pedro Calmon Duran, Nestor Pestana, Venceslau de Queirós, entre outros.

Nesse período, em São Paulo, torna-se uma questão de status ter uma pintura de Pedro Alexandrino em casa. Ter ele trouxe a admiração de vizinhos, amigos e alta sociedade. Devido ao elevado número de vendas, Pedro Alexandrino mantém poucas pinturas e não pode abrir exposições. Sendo uma pessoa restrita, pouco se sabe sobre a escolha religiosa do artista, mas acredita-se que ele era ateu, apesar de ter muito contato com os padres da Igreja Católica. Individualista e com medo de perder o seu espaço no campo artístico, Pedro Alexandrino recusa-se a valorizar outros artistas que pintam naturezas-mortas. Ele acredita que esta opção é única e exclusivamente sua. Em 1936, a proposta do governo italiano, Pedro Alexandrino, recebe o título de Comandante da Coroa da Itália, outorgado por SM Vittorio Emanuele II.

Na velhice, ele perde o entusiasmo pela arte, mas as fotos ainda são pintadas em seu estúdio todas as manhãs. Em 19 de julho de 1942, às 16 horas, Pedro Alexandrino morre aos 85 anos, vítima de uma gripe que evoluiu para pneumonia. A Pinacoteca do Estado de São Paulo sinalizou o meio mastro. As aulas na Escola de Belas Artes foram suspensas. Seu funeral é pago pelo estado.

Análise
Almeida Júnior é atribuído a sugestão a Pedro Alexandrino de se dedicar à pintura da natureza morta. Seu relacionamento com Almeida Júnior foi intenso, principalmente no início de sua carreira. Além de servir de modelo para pinturas, como Conversão de São Paulo, Pedro Alexandrino copiou, em forma de treinamento, as pinturas feitas por seu mestre. O artista disse que Almeida Júnior não sabia qual era sua versão de certas pinturas e qual era sua aluna.

Em suas primeiras exposições, Pedro Alexandrino é criticado por seu estilo pessoal e forte, caracterizado por recheios. Com o tempo, no entanto, as opiniões mudaram, e o artista se tornou popular por causa da fácil compreensão do conteúdo de suas obras.

A natureza morta é considerada um dos gêneros mais difíceis de serem representados, pois em análises de obras, pequenos detalhes e objetos têm grande significado para entender as intenções do artista.

Antes mesmo de ir para a Europa, Pedro Alexandrino já era conhecido no país pela pintura da natureza-morta. Mas ele precisava se especializar e aprender novas técnicas. No começo, teve grande influência de Stephen Silva. Ele acariciou suavemente, no qual ele não parecia estar escovando. Ele preferia os pequenos quadros, ainda artificiais e com pouca espontaneidade. Mais tarde, ele começa a pintar pinturas maiores e cria seu próprio estilo, com toques rápidos, curtos, vibrantes, meticulosos e rigorosos.

Estilo
Entre as principais características de Pedro Alexandrino está sua característica vigorosa e as opções, organizando os objetos da cena em lugares normais e naturais. Na maior parte de suas obras, os objetos estão situados sobre uma mesa de madeira rústica, semi-coberta por uma toalha, como na Copa. Também valoriza as formas côncava e convexa.

Além de frutas e flores, Pedro Alexandrino gosta de demonstrar suas habilidades a partir da pintura de objetos metálicos, que exigem, além da escolha correta das cores, a representação da reflexão que proporcionam. É conhecido como “Master of Metals”. Não se limita a representar apenas um tipo de metal (bronze, prata, entre outros).

Entende-se que Pedro Alexandrino é um pintor que não comete excessos em suas representações artísticas, tanto na cor quanto na quantidade de objetos em cena. Desta forma, suas obras são fáceis de entender e não escapam da realidade. O que chama a atenção em seu trabalho não são os detalhes, mas o todo. Não é, portanto, que suas pinturas não sejam ricas em detalhes. O queijo é um objeto frequente em suas obras, característica comum às pinturas de Chrétien.

A iluminação é outro detalhe importante das obras de Peter Alexandrino. Isso é repetido na maioria de suas pinturas. Parte do lado direito do observador, deixando assim o fundo escuro ou no crepúsculo. Esta característica, Pedro Alexandrino adquiriu na França, durante o período em que estava lá. Ele aprendeu a usar pinceladas largas e desordenadas e tinta baixa para alcançar esses tons. Pelas características da iluminação, suas obras são geralmente vistas como dramáticas e sinceras. Diz-se também que as obras de Alexandrino são substitutas de pinturas antigas e, portanto, antiquadas para a época. Pedro Alexandrino premia por representar hábitos e comida do cotidiano, às vezes com objetos de luxo e frutas caras, ou objetos simples e rústicos. Entre as frutas favoritas em retratar foram estrangeiros: uva, maçã, peras, nozes, damascos e pêssegos. Pedro Alexandrino nem sempre tinha dinheiro para comprar essas frutas importadas. É por isso que, em muitas ocasiões, ele recebeu as frutas junto com as ordens de pinturas. Ele também retrata donativos, mangas, frutas do conde, carambolas, jabuticabas, bananas, abacaxis, laranjas, figos, romãs e castanhas de caju. Ele raramente retratava mamíferos, um dos poucos era um coelho, pendurado em um prego, já morto, como um elemento de uma imagem. Entre os pássaros, ele pintou patos, gansos e perus. Ele gostava de retratar, em suas pinturas, crustáceos refinados, presentes em alimentos aristocráticos e burgueses, como camarões e lagostas.

De modo geral, no período que antecede sua viagem à Europa, Pedro Alexandrino faz apenas cópias do que vê, com temas simples e pinceladas delicadas. Na França, não se limita a uma única escola e oscila entre o realismo e o impressionismo, com pinceladas espontâneas e naturais. Mas, isso se perde em seu retorno ao Brasil, quando recupera o estilo pesado e composições simples.

Trabalho
Pedro Alexandrino não se dedicava muito ao paisagismo e, portanto, era pouco conhecido por suas atividades nessa área. Essa fase foi mais intensa na juventude. Ele até pintou paisagens de Pirapora e Salto de Itu. Não havia ordem para executar trabalhos de tamanhos grandes ou pequenos. Aqui, suas pinceladas são quase imperceptíveis, parecem ingênuas, talvez até o início de sua carreira.

Antes de sua primeira viagem à Europa, Pedro Alexandrino realiza uma exposição no Trade Guild. Foram necessárias 21 naturezas-mortas e cinco paisagens. O paisagismo não foi o que Alexandrino chegou mais perto e repetiu a escolha por cores usadas na Europa e que tinham pouca relação com o Brasil. Esse recurso só mudará com o nascimento de pintores modernistas. Pedro Alexandrino desenvolveu grande parte de sua coleção como paisagista em Paris. Utilizou como pano de fundo o Jardim de Luxemburgo e o campo de Villeneuf.

Pedro Alexandrino não era retratista, embora pintasse algumas telas com esse tema, atendendo a pedidos.

Pedro Alexandrino chega para pintar interiores, em pequena quantidade – cerca de dez -, mas com alta qualidade e influência holandesa.

Personalidade
Pedro Alexandrino não era uma pessoa preocupada com a aparência, tinha pouca vaidade. Mas ele não gostava de revelar sua idade, sob o argumento de que um artista nunca deveria dizer isso. Ele foi caracterizado por seus amigos como uma pessoa caseira, que ficou fora dos holofotes. Ele não gostava de entrar num ambiente de luxo, preferindo a conveniência de sua casa e seu estúdio.

Vida pessoal
Ele se casou com Ana Justina Moreira em 1884. Ela morreu em 1888, vítima de tifo. No entanto, pouco depois, ela se apaixona pela cunhada, Candida Rosa Maria (Dona Candinha), que tinha apenas 17 anos na época. O casal teve dois filhos, Rubens e Van Dick, que ainda morrem, devido à falta de apelo familiar.